LITERATURA E SOCIEDADE
Aspectos da Figuração Temporal na Poesia Brasileira Contemporânea
Docente Responsável: Viviana Bosi
A pesquisa interroga as múltiplas dimensões temporais, tais como configuradas em alguma poesia brasileira contemporânea, em sua contribuição para a percepção do tempo presente: como os poetas vêm apreendendo e revelando traços fundamentais do nosso tempo social e existencial, tanto nos motivos imagéticos quanto na própria formalização de seus poemas? A consciência do tempo na poesia pode se dar em várias instâncias imbricadas: seja através do ritmo, como "maneira particular de fluir' (Benveniste) ou tipo de elaboração compositiva; seja em relação às marcações de tempo constantes no poema, como verbos, advérbios e outros; seja em articulação com o contexto existencial e histórico no qual o poema foi gestado; seja, enfim, ao período ao qual ele se refere. Esses quadrantes costumam estar profundamente casados ou a dissonância também pode ser expressiva. Escolhemos algumas obras nas quais o aspecto temporal é especialmente relevante e buscamos contrastá-las com outras de décadas anteriores para melhor delinear a especificidade do momento contemporâneo.
Dialética de Miramar: Revolução Formal e Farsa Social
Docente Responsável: Maria Augusta Fonseca
Análise e interpretação da obra Memórias sentimentais de João Miramar.
Formas Culturais Contemporâneas
Docente Responsável: Edu Teruki Otsuka, Anderson Gonçalves, Ivone Daré Rabello
A pesquisa pretende investigar a presença de traços específicos da experiência histórica contemporânea em formas culturais brasileiras, sobretudo literárias, mas também cinematográficas e, eventualmente, outras formas, não necessariamente artísticas. Trata-se de buscar uma perspectiva ampla, com o intuito de identificar núcleos temático-estruturais em que se revelam questões particulares da atualidade.
Literatura Brasileira dos Anos 1930 aos Anos 1970 e as Leituras do Brasil
Docente Responsável: Ivone Daré Rabello
Este projeto objetiva investigar as maneiras pelas quais as interpretações a respeito do Brasil estão representadas e formalizadas nas obras de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Elizabeth Bishop. Pretende também investigar o grau de tensões e contradições de tais interpretações, à luz, também, de estudos já tradicionais sobre a dinâmica da modernização no país, bem como sobre os estudos que efetivam a crítica desses clássicos. Por um lado, a leitura das tensões entre campo e cidade, entre a estrutura da família patriarcal e os dilemas do sujeito moderno (em Carlos Drummond de Andrade), ao longo dos anos 1930, 1940 e 1950, e seu confronto com o olhar da estrangeira Elisabeth Bishop (que morou no Brasil nos anos 1950 e parte dos anos 1960) para quem tais contradições surgem como elementos pitorescos, permitem contribuir para compreender questões centrais àqueles anos decisivos, seja no processo de atualização da consciência estética, seja no empenho em "(re)descobrir e (re)interpretar" o país, que realizava novo salto modernizador, sem, não obstante, superar as estruturas tradicionais que detinham o poder. Por outro lado, na interpretação de Paulo Leminski, o Brasil surge representado na tensão entre civilização (e domínio do "esclarecimento") e "barbárie" (na natureza - ambiental e humana - indomável e avessa à "domesticação" esclarecida), cujo resultado seria a impossibilidade de qualquer projeto de racionalização. No final dos anos 1950, e ao longo dos anos 1960 e 1970, não será esta a única obra a propor a impossibilidade do "milagre", que interromperia, assim, a ideologia sobre o país como uma "procissão de milagres", nas palavras de Sérgio Buarque. É assim que o projeto pretende - no recorte aqui proposto - realizar a crítica dessas figurações literárias e das concepções que ali ficam formalizadas.
Poesia e Narrativa: Autores Brasileiros Modernos
Docente Responsável: Ariovaldo Vidal
A pesquisa busca compreender a poética dos autores estudados enquanto modo de construção da forma literária e configuração da matéria social. Nesse sentido, o trabalho de pesquisa supõe a leitura analítica e atenta da obra escolhida, vendo como os elementos estruturais do poema e narrativa enformam os temas decisivos do autor, criando uma unidade legível de sentido. Sendo assim, a obra é lida enquanto um diálogo vivo com a tradição, seja pelo gênero, seja pelo estilo e temas. Da mesma forma, procura-se compreender a obra dos autores no seu momento histórico. Ainda que o recorte temporal se dê a partir do Modernismo de 22, essa divisão não elimina as exceções possíveis ao recorte, seja pela pertinência do trabalho individual ao contexto da pesquisa, seja pela diversidade suposta na vida acadêmica; tal diversidade refere-se às diferentes linguagens (cinema, canção popular, teatro, quadrinhos) e diferentes contextos (literatura de outros períodos, de outras nacionalidades).
Teoria do romance: Estratégias Narrativas e Conjunturas Histórico-Políticas em Perspectiva Periférica
Docente Responsável: Marcelo Pen Parreira
A discussão em torno do realismo e da crise do narrador, além das conjunturas locais no cenário do moderno capitalismo mundial, com a consequente cota de fratura, de ambivalência e de desconfiança incorporada na forma narrativa, abre caminho para o entendimento da ficção contemporânea. A partir das experiências dos escritores Henry James e Machado de Assis, este projeto visa a refletir sobre o processo de formação e consolidação do gênero romanesco no Brasil e nos Estados Unidos, bem como a ponderar os rumos que ele tomou no século XX na esteira do desenvolvimento dos movimentos de vanguarda, em diversas literaturas nacionais. Queremos entender a persistência de certos modelos artísticos e de pensamento inaugurados nos Oitocentos, assim como seu progresso a partir de novas crises e novas configurações histórico-sociais.