Literatura e Outros Saberes - Projetos de Pesquisa

LITERATURA E OUTROS SABERES

 

Crítica Literária e Psicanálise: No Giro da Memória

Docente Responsável: Cleusa Rios Pinheiro Passos

O projeto se centrará em dois autores: Borges e Guimarães Rosa, relidos a partir do enfoque da “memória”. O percurso incorporará, analogicamente, algumas noções teóricas de Freud (e sucessores), atentando, dentre elas, para a associação entre tempo e memória e o caráter múltiplo de ambos. Conforme se sabe, o tempo do inconsciente obedece a uma lógica própria, diversa do tempo cronológico, e atua na reconstrução das lembranças, rearticulando e recriando traços do passado, no presente. Esse processo ocorre a posteriori, ou seja, as marcas mnêmicas, inscritas desde a infância, podem ser ressignificadas em outro momento da vida, num “só depois” não submetido à cronologia; elas são também contagiadas por fantasias, sonhos e lembranças ulteriores, sem que o sujeito o perceba de imediato. Guardadas as devidas diferenças entre Literatura e Psicanálise e sempre por meio de analogias, é possível encontrar novos nexos e interpretações na confluência de ambas nos dois autores. Em Borges, o texto central será “A memória de Shakespeare” e, em Rosa, serão abordadas narrativas de Corpo de baile e “causos” de Grande sertão: veredas.

 

Freud e o Circuito Literário

Docente Responsável: Cleusa Rios Pinheiro Passos, Adelia Bezerra de Meneses

Relações entre a psicanálise e a literatura, tomando por base a literatura brasileira desde Machado de Assis.

 

Literatura, Ética, Diferença

Docente Responsável: Marcos Natali

Como exploração de um aspecto particular dentro dos estudos em literatura comparada, o projeto visa identificar e analisar, em textos narrativos, poéticos, teóricos e filosóficos, diferentes maneiras de se pensar o lugar da ética em reflexões sobre a literatura. Trata-se, portanto, de retomar controvérsia antiga em torno dos domínios da ética e da estética, contenda que foi decisiva para as histórias da filosofia e da literatura, lendo em um arquivo de obras recentes (que inclui textos sobre a crise climática, a ficção especulativa, o Afrofuturismo e o relato apocalíptico) variações do debate sobre a pertinência e o sentido desse conjunto de questões para o estudo da literatura.

 

O Teatro Político e suas Formas 

Docente Responsável: Anderson Gonçalves da Silva

O projeto tem por objetivo investigar, especialmente no século XIX, a constituição de uma problemática dramatúrgica e histórica que se pode resumir com a expressão "teatro político". Trata-se, portanto, de formular a questão: o que é teatro político? Partimos de seus antecedentes, ou seja, a assim chamada "crise do drama" (século XIX) como surgimento de uma epicização; isto se dará por meio da análise de seus elementos estruturantes (ação, diálogo, etc.) em autores como Ibsen, Hauptmann, Maeterlinck e Tchékov. Em segundo lugar, trata-se de apreender as diferentes modalidades do teatro político (Tendenztheater, Zeittheater, agitprop, etc.), o qual, historicamente, pode ser declinado em dois momentos centrais: a década de 1920 e a década de 1960. No primeiro momento, sobretudo a produção teatral russa (Maiakóvski, Meyerhold) e alemã ( Brecht, Toller, Horváth); no segundo, na França (Armand Gatti, André Benedetto), na Alemanha (Peter Weiss) e na América Latina (Augusto Boal). Mediante esse percurso, será possível se aproximar  de uma compreensão mais concreta do teatro político e suas formas.

 

Poiéticas e Políticas da Voz

Docente Responsável: Roberto Zular

O presente projeto propõe estudar a voz na intersecção entre literatura, psicanálise e antropologia. A voz como um funcionamento, na esteira da oralidade em Zumthor e Meschonnic; como um modo de construção do próprio limiar entre fala e escrita; e como aquilo que no dizer transborda o dito, agenciando sistemas de forças e de formas que, segundo Viveiros de Castro, produzem relações sempre singulares entre som e sentido, corpo e linguagem, natureza e cultura. Mais do que uma emissão sonora, a voz ligada a um circuito de escuta, seja como ressonância (na proposta de Jean-Luc Nancy) ou como um modo de produção de posições singulares nesse circuito (como propõem Lacan, Didier-Weil e Jean-Michel Vivès, entre outros psicanalistas). Assim, para particularizar a posição de fala e sua relação com outras formas de vida e regimes de imaginação, propomos o estudo de uma visão multiposicional da enunciação como lugar de emergência de outras relações entre aquilo que pode e o que não pode ser dito, entre o dizível e o visível, como também aquilo que, reconfigurando a esfera do politico, se faz ouvir.

 

Texto Literário, Texto Filosófico

Docente Responsável: Marta Kawano

Trata-se de considerar a relação entre o discurso literário e o discurso filosófico em duas direções complementares. Do ponto de vista dos textos filosóficos, busca-se considerar a importância de formas textuais elegidas pelos filósofos (diálogo, ensaio, meditação, carta etc.) e de estratégias de escrita que poderiam ser estudadas por categorias da teoria literária. Na outra direção, busca-se uma interrogação a respeito da leitura de textos filosóficos realizada por escritores, leitura que pode ser tanto voltada para os temas quanto para as formas.